quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A mosca azul - o lado sombrio

Alguém ai já foi picado pela mosca azul? Ainda não? Então acredite uma hora você vai ser picado por ela, mesmo que se esforce para que isso não aconteça.
O tema da minha linda Salgueiro esse ano foi sobre a Fama e dentro do seu enredo ela conta que uma pessoa "foi mordida pela mosca azul" quando ela se mostra deslumbrada com o poder, a glória e a fama.

Na dança do ventre não é diferente. Ficamos sim deslumbradas e com o ego inflado e com a vaidade a todo vapor, afinal de contas a dança do ventre tem o dom de aumentar a auto-estima.
Então faz-se necessário tomar cuidado com alguns sintomas que surgem durante o tempo que se pratica a dança do ventre.

Para refletir e avaliar sempre:
Descrição
Dica
FanatismoQualquer atividade que tenha um conteúdo de fanatismo não é favorável para ninguém.  O fanatismo isola as pessoas do grupo, pois a mesma perde a noção de seus limites.  Tudo para ela é dança, desesperadamente.  Acaba mexendo com o equilíbrio e o senso crítico à longo prazo.  Aprecie sua arte, como um bom vinho... aos poucos. 
DeslumbramentoUma espécie de "síndrome de estrela de Hollywood".  É um fantasiar que atinge proporções geométricas a cada dia que passa.  Acaba-se achando e até mesmo dizendo para as pessoas "a dança é minha vida... ainda vou ser uma estrela muito famosa...descobri que não sou nada sem ela.." e muito mais.  Já se enxerga em comerciais de TV, talkshows, capas de jornais e revistas, teatros... e o pior para quem está deslumbrada é que tudo isso "já começou, é só uma questão de tempo".  Será necessário que alguém lhe diga seriamente para "colocar os pés no chão".  Em muitos casos, não faz o menor efeito... diga o que disser..."Hollywood me espera"...ou melhor "o Oriente me espera....".
CompetiçãoInstigar uma competição "ela é a melhor" ou "eu sou a melhor" é um ato que não traz resultados positivos.  Querer aparentar isso cada vez que coloca-se um traje de dança então, é próprio de quem nunca vai sair do estágio amador.  Existe mercado para todos.  Cada um no seu estilo.  Com suas próprias características.  "O sol brilha para todos e brilhará para você também na medida de seu merecimento como ser humano e como profissional".  Dica: desenvolva seu estilo. Existem torcidas para todos os times.  Cada ano um é campeão... É assim com toda a história do mundo. 
Falta de MusicalidadeSó se consegue acabar com esse bloqueio com muito treino, durante muitos anos.  Tem pessoas que tem muita dificuldade em lidar com ritmos e dançar em sincronia com qualquer gênero musical.  Ocorre que a falta de musicalidade deve ser reparada e corrigida.  Dançar no tempo errado e saber disso é uma dádiva para sua auto-correção.  A dica para este problema é treinar sempre, todos os dias até corrigir.  Comece batendo palmas em sincronia com os ritmos.
Língua FerinaOs homens dizem que as mulheres gostam de falar mal de tudo e de todos.  Este é um vício que em muitos casos é crônico.  Mulheres falando mal de outras mulheres, tentando depreciá-las, mesmo sem um motivo qualquer.  É necessário um processo de reeducação pessoal.  Requer mente aberta e capacidade para reverenciar sucesso de outros (as).  Quando crianças, ficamos extremamente tristes e chateados quando somos preteridos.  É difícil aceitar.  Mas convenhamos, como adultos, é importante reconhecer os passos e evoluções de todos.  Saber quando alguém é merecedor de um elogio e não deixar de fazê-lo.  Isto é viver em um mundo melhor.  Dica: quando perceber que vai começar involuntariamente um comentário negativo, dê uma "mordidinha" na ponta da língua e.....stop!  Você irá sentir-se bem melhor se praticar isso com freqüência.  Experimente e verá!
DesconhecimentoAqui é o caso de quem não entende nada de nada e quer se fazer entendida de tudo.  Leu um livro quando criança na escola e nunca mais buscou conhecimento, mas acredita que isso não faz diferença.  Dica: é necessário criar um vício invertido neste caso. Buscar conhecimentos.  Tudo isso está aí para quem quiser aprender.  É apenas necessário mudar a atitude.
Criar o que não existeÉ o criar movimentos, que além de exagerados, são totalmente fora do que existe na cultura (pessoas que tem pouco estudo com dança, geralmente se aventuram por estes caminhos).  Inventam movimentos para bailarinas que tornam-se caricatos e beiram o ridículo.  Não existe simetria nos braços, batem o quadril totalmente fora dos ritmos, giram fora do tempo, enveredam-se com teorias alternativas e mistificam além da conta, etc... Dica: procurar orientação com bailarinas mais experientes.  As vezes, uma professora mal preparada desenvolve alunas com potencial para isso e acaba tornando-se uma progressão geométrica no mercado local.
EstrelismoÉ uma fase tão problemática que fizemos um item neste painel de dicas só para ele.  Basta dizer que a bailarina que se julga estrela, vive uma realidade que é só dela e acredita ser uma estrela com luz própria para sempre.  Perde completamente a noção de equipe, super-valoriza seu trabalho e seu valor, e pior humilha todos que a rodeiam.  Tem cura. No momento que acordar e descobrir que existe muito mais "além do horizonte" que seus olhos possam ver ou sua mente imaginar.  Dica:assista ao filme clássico "Crepúsculo dos Deuses".
Falta de AulasAqui é simples: fez 6 meses de aula, faltou em metade e se julga uma conceituada professora.  É um problema ruim.  Além de não querer estudar o necessário, ainda subleva-se a pretensão de querer ensinar. Jamais acredite que aprendeu tudo o que podia.   Aulas são para sempre.
DescuidoQuando não se cultiva a disciplina pessoal, a tendência é um certo descuido de um modo pessoal que começa aos poucos e vai se generalizando. Exemplo: a bagunça no estojo de maquiagem, depois a roupa amassada dentro da mala, vem o cabelo sempre em desalinho (acreditando que éfashion), e por aí vai o descuido caminhando como vício; na pontualidade, na falta de compromisso, no desrespeito com outras bailarinas, podendo atingir até a honestidade em curto espaço de tempo.
Senso CríticoA ausência dele acaba tornando-se um vício.  Senso crítico é um habito de boa conduta.  Quem não o tem perde a noção do ridículo, do seu espaço e dos limites.  Faz e fala o que vem a cabeça.  Descuida do aspecto visual e perde a noção da imagem que o círculo que frequenta pensa de si.  Você poderá viver sem senso crítico; mas para isso, a condição é viver numa ilha deserta.  Viver em grupo significa desenvolver e respeitar parâmetros e regras de conduta.
Falar MuitoO falar muito subentende-se "colocar os pés pelas mãos".  Falar demais cansa as pessoas e acima de tudo é deselegante.  Existe uma dose de palavras que fala tudo o que você precisa falar.  O exagero no falar contradiz parte do que você já disse e tira seu mistério e encanto.
ChaticeRepare que vício atrai vicio e piora cada vez mais, criando ramificações.  A chatice é tornar-se uma pessoa indesejada por muitos dos motivos anteriores: falar muito e nas horas erradas, falta de senso crítico, estrelismo, fanatismo, etc...   Repare que o exagero é um fator que causa parte de tudo isso e está sempre presente. Uma pessoa agradável prima pelo equilíbrio em tudo; a que tem chatice, não imagina que tem nunca, desconhece seu espaço e o tempo de quem as rodeia.  Nem todos estão disponíveis sempre, mas ela acredita que sim... e quer falar, falar, ...
Higiene ComprometedoraNada pior que uma mulher que não sabe tratar de sua higiene.  Denota desconhecimento com o próprio corpo e relaxamento pessoal.  A higiene bem feita é perceptível por pessoas de todas as idades.  Todos gostam de mulheres cheirosas (não quero dizer extremamente perfumadas, entenda bem!). Aprenda como higienizar todas as partes de seu corpo e descubra os cuidados que são necessários. Escovações dos dentes, evitar usar sapatos ou tênis que prejudiquem a respiração dos pés, e toda uma gama de atenções que você deverá ter consigo mesma.  É um vício o descuido e torna-se uma espiral.
EgocentrismoA pessoa egocêntrica não tem olhos para mais ninguém.  O pior, ela quer que o mundo só tenha olhos para ela.  Tem uma necessidade de atenção e auto-afirmação constante.  Não aceita conselhos e se acha sempre o máximo.  É um sub-produto do estrelismo e acaba sendo caso para terapia se acabar se acentuando.
Sonegar InformaçãoEntra aqui a questão da auto-estima.  O medo de perder a majestade.  De alguém saber mais do que você.  Aquela sensação que um dia será passada para trás se passar a informação correta e abrir o leque de seus conhecimentos.  Quem tem esse tipo de vício em dança do ventre geralmente sabe ou pesquisou pouco.  Sempre existirão milhares de informações que, independente de você estudar décadas, acabará não sabendo.  O ideal é uma troca de conhecimentos com abertura de ambos os lados.  Lembre-se: tanto alunas aprendem com professoras como o inverso.  Bailarinas também aprendem com bailarinas... e o importante é que sejam sempre informações positivas.  Livre-se deste vício.  Passe sempre tudo o que você sabe e procure mais ainda para passar.
Elemento DesagregadorVocê já reparou como existem pessoas problemáticas que por onde passam desagregam as relações do grupo.  Infelizmente suas atitudes contagiam e jogam pessoas umas contra as outras.  Não temos como corrigir o mundo, mas não é uma situação inteligente manter vínculos e laços de amizades com pessoas assim.  Aqui vale a máxima: "Você colhe aquilo que planta".  Em algum momento do caminho você terá problemas com pessoas que são "elemento desagregador".  Saiba perceber quando a relação encontra-se no início e encontre uma forma de estancá-la.  A pergunta chave é:  "Até que ponto uma relação com alguém assim fará bem para você?".
Repertório LimitadoÉ um vício ter apenas algumas músicas no repertório que se gosta de dançar. Coloca-se na cabeça que "gosto do estilo "x" e só..." e vira-se as costas para o restante.   Todas as vezes que aparece uma oportunidade de dançar são sempre aquelas mesmas músicas, sem nunca haver inovações.  Tudo que é desconhecido causa um certo pânico quando tentamos pela primeira vez.  Mas é necessário tentar.  Amplie seu repertório sempre... todos os dias, de preferência.  Veja o exemplo que praticamos na Casa de Chá.  Partimos do princípio que uma bailarina para dançar lá, deve conhecer todos os estilos da música árabe.  Sendo assim, arriscamos a colocar músicas diferentes todas as semanas no repertório.  Isso gera uma capacidade de improvisação incrível e um domínio do inesperado.  O resultado é uma segurança para dançar, a longo prazo, fora dos padrões.  O que vier pela frente, qualquer tipo de música que aparecer, a bailarina está apta à dançar.  Não se deixe levar por apenas algumas músicas.  Tenha no mínimo 300 em seu repertório... e sempre ampliando.
MesmicesA mesmice acontece quando o medo de tentar inovações é maior que a vontade e o desejo de tornar-se uma grande e versátil bailarina.  Acaba-se dançando sempre com os mesmos movimentos, aquele "arroz com feijão básico" que entedia uma platéia após a terceira aparição.  Acontece principalmente quando a bailarina acha que já sabe bem a dança.  É neste momento que ela mais precisa mudar e criar novas possibilidades de passos e estilos, só que não tem noção disso.  Acaba virando um vício que pode durar anos até ela acordar.
VulgaridadeTemos aqui a bailarina que joga no time adversário da dança do ventre.  Ela consegue destruir em poucos segundos uma arte belíssima, e até certo ponto comprometendo outras que atuam com a dança.  Com movimentos apelativos e corpo à mostra além do necessário, dançam geralmente para um único segmento de público: homens grosseiros.  Você quer saber se sua dança é vulgar?  Imagine fazer uma apresentação para uma sala repleta de familiares (pais, avós, tios, primos, e crianças de todas as idades).  Se todos sentirem orgulho da sua dança, você estará dentro dos parâmetros com a sutileza de sua dança.  Se um ou outro achar um certo exagero, nem tanto, pois sempre tem alguém na família que tem um puritanismo acima da média.  Mas, se muitos assistirem incrédulos, e acharem que você tem coragem para fazer o que está fazendo, tenha a certeza que estará dentro da vulgaridade, consequentemente, jogando no time adversário (pois marca golscontra a dança do ventre).  Atente para isso.  Tenha em mente que o que fascina na dança é a"beleza e sutileza dos movimentos" não a "mascateação do seu corpo".  Quando você vulgariza a dança do ventre, em primeiro lugar joga no time errado... e em segundo, prejudica o time certo.  O erro é duplo.
Ausência de HumildadeA soberbia é um orgulho excessivo; uma altivez, arrogância.  É o achar-se superior à todas.  Esse vício é um problema muito grave, pois distancia uma qualidade que todos primam: a humildade.  Desenvolver sua humildade é uma variável importante no mundo da dança, pois você vai lidar com muitos elogios e se não tomar os devidos cuidados, isso poderá lhe arranhar a personalidade a longo prazo.  Tenha portanto, sempre o hábito de olhar para as pessoas, ouvi-las e dar atenção à todos, independente de quem seja ou posição social que ocupe.  A vida vai responder à altura para você com o passar dos anos.
InvejaÉ uma característica de quem não consegue conviver com o sucesso de quem está ao seu lado.  Uma pessoa que inveja outra, não está tranquila nunca.  Estimula sempre uma concorrência desnecessária, pois acha que tem que chegar em primeiro lugar numa corrida que existe só na cabeça dela.  Tem um ditado árabe que diz; "O invejoso passa mal, quando seu vizinho vai bem".  Saiba valorizar sempre a vitória de todos.  Vibre com o sucesso de suas alunas, com bailarinas que brilham junto com você... e muitas vezes, até mais do que você.   As vezes pode ser difícil, mas nossa vida é feita de hábitos e escolhas.  Resta somente à você fazer as  opções.
Baixa Auto-EstimaA auto-estima se constrói desde criança.  Infelizmente, nossos pais muitas vezes não têm noção de como uma atitude, quando somos crianças, poderá estar repercutindo na formação de nossa auto-estima no futuro. Para passar por isso basta ser humano.  Assim, acabamos crescendo com diversos sintomas que, ao menor deslize, irão se fazer presentes.  Felizmente, existem muitos livros de auto-ajuda que podem iniciar um trabalho eficiente à longo prazo se nos propusermos a acreditar mais em nós e tivermos a consciência que não melhoraremos da noite para o dia.  O importante é começar.  O ACREDITAR EM SI, é o início de tudo.   Acreditar demais em si poderá levar você para outra vala: a do egocentrismo, que também não é saudável.  Perceba que na vida tudo é uma questão de equilíbrio. 
Caráter MercenárioEntra aqui o vício da exploração.  Começa por você inflacionar seu cachê nos locais por onde dança.   Outra característica deste mal é quando você procura diferenciar o preço de seu show pela situação social do contratante.  Vai chegar um momento em que, para mexer os braços apenas, alguém terá que pagar algo para você.  Esse vício inicia-se nas primeiras tentativas de cobrar caro uma apresentação e acaba dando certo.  Aí, o erro é fazer disso uma espiral para sempre.  Só ver dinheiro à sua frente não irá melhorar sua situação financeira.  O dinheiro nunca poderá falar mais alto que sua arte.  Isso, com certeza vai prejudicar sua dança em curto espaço de tempo.  Não haverá mais espaço para você no mercado.  Tenha em mente que existe um padrão no que diz respeito à cachês.  Evidentemente que dependendo do grau de seus estudos, dos anos de dança, da sua experiência e também das suas  necessidades, só você poderá determinar, com o passar do tempo, qual é o valor ideal para suas atividades.  O que não é normal, é colocar o dinheiro sempre em primeiro plano.  Relaxe,... Na vida, você vai dançar muito mais pelo prazer de dançar do que pelo dinheiro pura e simplesmente.  Se você pensar o contrário, viverá num clima destress desnecessário.  Pensar só nos ganhos financeiros pode virar uma doença, e não tem cura.  O sintoma mais visível desta anomalia é que você, por melhor que seja seu cachê, se sentirá sempre explorada.  E isso não é bom, ou é?  A maioria das coisas na vida são conseqüências de nossas atitudes.  O caráter mercenário macula sua imagem à longo prazo e fica visível no seu rosto para as pessoas.  Conclusão: elas deixam de te admirar.
Fofocas e MexericosÉ um vício falar da vida dos outros.  Se você se determinar a assumir uma postura de "não falar mal de ninguém", terá uma certa dificuldade no começo, mas com certeza irá ter um exército de simpatizantes no futuro a seu favor.  Infelizmente, criou-se esse péssimo vício no mundo da dança do ventre com o passar dos anos.  Existem e existirão sempre ramificações no aprendizado da dança (gerações de bailarinas que nasceram de determinada linha de professoras).  Isso não tira o mérito de ninguém.  Cada uma tem sua metodologia e sua didática.  Não é saudável proliferar as fofocas.  Muitas vezes, o que era apenas um "grão-de-areia" torna-se uma praia completamente poluída.  As informações se multiplicam e, sempre, seeempre, as notícias ficam maiores do que na realidade são.  Tenha por base o ditado árabe: "Aquele que fala mal dos outros na tua presença, falará mal de ti na tua ausência".  Elimine esse vício... e faça o seu trabalho.   Tenha por hábito seguir sempre o seu caminho. Afinal há espaço para todos.
Intriga PessoalÉ impossível você agradar sempre "gregos & troianos ou cristão & muçulmanos".  Sempre haverá alguém no mercado que não topa você, ou que tem todos os motivos do mundo para achar algo negativo em você.  Sempre que houver uma informação duvidosa de alguém falando à seu respeito, vá até a fonte e resolva, colocando em pratos limpos, antes que o caso tome proporções e torne-se uma intriga permanente (talvez até por falta de comunicação).   Tenha sempre abertura para conversar e colocar em ordem alguma situação delicada em que ficou o "dito-pelo-não-dito".  Elimine o mal pela raiz e não haverá intrigas com sua pessoa, exceto se você for o epicentro da geração das confusões.
Jorge Sabongi - Nov/2000

Então meninas lembre-se cuidado com a mosquinha azul! 

By: Juliana Batista

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